O Homem Realmente Foi a Lua? (Parte 2) - Obscura Verdade

Apenas os Pequenos Segredos Precisam ser Guardados, Os Grandes Niguém Acredita - Herbert Marshall

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1 de mar. de 2013

O Homem Realmente Foi a Lua? (Parte 2)

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SITE PROJETO OCKHAM (03/05)

“Um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade” – foi o que disse Neil Armstrong, no dia 20 de julho de 1969, para quase 1 bilhão de pessoas que o ouviam ao vivo na Terra. Hoje, passados mais de 35 anos, algumas pessoas acham que ele deveria ter acrescentado: “Acredite… se quiser!”.

Existem pessoas que afirmam que o homem nunca foi à Lua e que todas as fotos e filmagens exibidas pelas várias missões espaciais foram forjadas pela NASA em um estúdio da Área 51 (famosa por outras teorias da conspiração, como o caso Roswell). Segundo estas pessoas, a NASA decidiu enganar o mundo inteiro quando descobriu que não poderia vencer os soviéticos na corrida espacial. Ainda mais grave: alguns dizem que a explosão que matou três astronautas em 1967 não foi um acidente, mas o assassinato dos homens que se recusavam a colaborar com a farsa.

O mito de que o homem não foi à Lua não é novo mas até hoje só encontrava eco em pessoas com pouca ou nenhuma formação acadêmica. Mas em 2001 algo novo aconteceu. No auge da popularidade do seriado “Arquivo X”, o canal FOX exibiu o documentário “Conspiracy Theory: Did We Land on the Moon?” (“Teoria da Conspiração: Nós fomos à Lua?”, disponível na sua rede P2P favorita). Apresentado pelo ator Mitch Pileggi (o diretor assistente Skinner na série), o programa é um dos maiores exemplos de mau jornalismo que já se viu na TV. Ao exibir as evidências da suposta farsa sem permitir que os cientistas as esclarecessem (o programa é permeado por esparsos comentários de um representante da NASA mas tão vagos e fora de contexto que acabam funcionando a favor da conspiração) o programa não só deu credibilidade à conspiração da Lua como ainda endossou a idéia de que a NASA teria assassinado seus astronautas. Muito bom para um episódio de Mulder e Scully mas não para o mundo real.

Desde então, impulsionado pela popularidade da FOX e transmitido aos quatro cantos pela internet, o mito se alastrou. No Brasil, talvez alimentado por um forte sentimento anti-americano, o mito encontrou nestes tempos bicudos um terreno fértil para prosperar. Não há números oficiais mas é possível constatar em blogs e listas de discussão que é grande o número de jovens estudantes e até professores que duvidam – seriamente – que o homem pisou na Lua (o documentário da FOX afirma que 20% dos americanos duvidam que o homem foi à Lua mas, considerando-se a fonte, esta estatística deve ser encarada com suspeita).

O pai do mito de que o homem nunca pisou na Lua é o americano Bill Kaysing. Entre 1957 e 1963, Kaysing trabalhou como catalogador na Rocketdyne, empresa que fornecia peças para a NASA e em 1974 lançou o livro “Nós nunca fomos à Lua” (“We Never Went to the Moon”). A única formação acadêmica de Kaysing é o título de bacharel em Inglês, curso que fez em 1949. Uma entrevista com Bill Kaysing, em áudio e vídeo, pode ser encontrada aqui. Aqui no Brasil, nosso mais ativo representante é o diretor e professor de cinema André Mauro. Mauro tem um livro publicado sobre o tema – “O Homem não pisou na Lua” (que por algum tempo esteve em todas as bancas de jornais do Rio de Janeiro) – que já lhe rendeu uma aparição no programa de entrevistas do Jô Soares. Embora seu site não acrescente nenhuma informação nova ao mito, Mauro se distingue por ter diversificado sua incredulidade. Além de não acreditar que o homem foi à Lua, Mauro também não acredita na bomba atômica, nos buracos negros, na teoria da relatividade, nos atentados terroristas de 11 de setembro, que Saddam Hussein tenha sido capturado pelos americanos durante a invasão do Iraque e nem que a Terra gira ao redor do Sol (!!); na sua versão do naufrágio do Titanic o culpado não foi um iceberg, mas uma organização Jesuíta e, como seria de se esperar, defende o mito das mensagens subliminares a ponto de espelhar o conteúdo dos sites evangélicos sobre o tema.

A maior parte dos argumentos utilizados por Bill Kaysing, André Mauro e outros conspiracionistas da Lua para tentar provar que a missão espacial foi uma farsa são tão ingênuos que podem ser rebatidos por conhecimentos básicos de física e fotografia. A seguir examinamos estes argumentos.

Qual o problema com as sombras na Lua?

Nós só vemos os objetos porque eles refletem a luz em direção aos nossos olhos. Se você está em um quarto escuro de paredes escuras iluminado por uma fonte única de luz, nada que esteja sob sua sombra será visível já que esta região não recebe luz alguma que possa ser refletida. Esta é uma situação pouco comum na Terra onde, além da luz direta do Sol, somos banhados pela luz refletida na atmosfera, nas nuvens, no solo, etc, de forma que as sombras, na maior parte das vezes, são na verdade penumbras, ou seja não são áreas de total ausência de luz. Mas se na Lua não há atmosfera para espalhar a luz e toda a iluminação provém unicamente do disco solar pairando no céu negro, seria de se esperar que as sombras fossem absolutamente negras, regiões de total ausência de luz nas quais nada fosse visível. Então como é possível enxergar os astronautas sob a sombra do módulo lunar (como na figura abaixo)? Como é possível ver, em algumas fotos, a frente do astronauta quando ele tem o Sol às suas costas?


A explicação é simples: assim como na Terra, o Sol não é a única fonte de luz na Lua. O solo lunar é formado de silicatos brilhantes que refletem de volta uma parte considerável da luz do Sol, funcionando como uma grande fonte de luz indireta. O efeito é o mesmo que se observa na Terra quando a luz do Sol incide sobre a areia branca da praia ou sob uma superfície coberta de neve (quanto mais branco é o solo mais luz é refletida, por isso esquiadores têm que usar óculos escuros especiais). A fuselagem brilhante do módulo lunar e a cor branca do traje espacial do astronauta que tira a foto ajudam ainda mais na iluminação indireta, em um efeito parecido com o de um assistente que segura uma folha laminada junto a um modelo sendo fotografado. E não se pode esquecer que a própria Terra, com sua cobertura de nuvens brancas e muito maior no céu da Lua do que a Lua aqui (ainda que não tão brilhante), ajuda um pouquinho mais na iluminação da noite ensolarada da Lua.

Outro problema levantado pelos conspiracionistas é que em muitas fotos as sombras projetadas pelos astronautas parecem ter comprimentos e direções diferentes, sugerindo que a filmagem foi realizada em estúdio com mais de uma fonte de luz. As fotos clássicas são estas ao lado (ei…mas se houvesse dois refletores cada astronauta não teria duas sombras?).


A explicação para o problema do tamanho das sombras é bastante simples. Primeiramente é importante notar que o terreno lunar não é nada plano, mas cheio de montes, montículos e crateras que muitas vezes são pouco evidentes nas fotos, especialmente nas de menor resolução. Além disso, devemos nos lembrar que uma pessoa em uma elevação lança uma sombra maior do que uma pessoa em um ponto mais baixo. A diferença de tamanho entre as sombras será mais acentuada quanto mais baixo no horizonte estiver o Sol. A figura abaixo ilustra a situação com um modelo em 3D; na imagem os dois bonecos têm a mesma altura e estão a uma mesma distância da borda anterior, de onde vem a luz.

Isto explica o tamanho das sombras na primeira das fotos acima, mas o que dizer das direções delas? O que acontece é que duas sombras vistas em uma foto ou em qualquer representação plana de fato não serão paralelas se estiverem sobre duas superfícies não paralelas. Perceba no modelo 3D acima como a sombra projetada na superfície inclinada parece mudar de direção quando ela encontra a base da elevação. Agora observe a imagem abaixo, é um modelo da superfície lunar que construímos para mostrar este detalhe.



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